Como você já sabe, a nossa microbiota intestinal influencia a saúde mental e pode então, contribuir para o desenvolvimento de diversas doenças, como a depressão, transtornos bipolar, do espectro autista e do déficit de atenção e hiperatividade.
Mas como isso ocorre? É o que abordaremos a seguir, para entender essa incrível relação entre o sistema nervoso e o trato gastrointestinal.
O EIXO INTESTINO-CÉREBRO
A comunicação entre intestino e cérebro é bidirecional, isto é, o intestino envia informações ao cérebro e vice-versa. O que pode ser surpreendente nessa relação é que a maior parte dos impulsos é transmitida pelo intestino para o cérebro, correspondendo a 90% dessa sinalização. Enquanto o cérebro envia 10% dos impulsos para o intestino.
Essa conexão envolve diversas vias, incluindo o sistema nervoso entérico e nervo vago; a secreção de hormônios, como cortisol, adrenalina e serotonina; o sistema imune (regulação da liberação de citocinas) e produtos do metabolismo de bactérias intestinais.
O desequilíbrio da microbiota intestinal (disbiose) altera o funcionamento dessas vias, o que compromete a barreira hematoencefálica (seleciona as substâncias que irão atravessá-la e atingir o cérebro) e resulta em neuro inflamação.
“SEGUNDO CÉREBRO”
Você já pode ter ouvido falar que o intestino é o nosso segundo cérebro. Isso porque o sistema nervoso do intestino, chamado de sistema nervoso entérico, é semelhante ao cérebro em relação à complexidade e presença de neurotransmissores e moléculas sinalizadoras. Isso torna o intestino capaz de realizar algumas funções de forma independente do cérebro.
Dentre as funções do sistema nervoso entérico estão a regulação da composição microbiana e dos metabólitos sintetizados pela microbiota, dos neurotransmissores e da sinalização imunológica, além da manutenção da integridade da barreira intestinal.
NERVO VAGO
O nervo vago estabelece a comunicação entre os metabólitos bacterianos do intestino para o sistema nervoso, além de modular a inflamação e reduzir a permeabilidade intestinal, o que previne doenças.
O estresse inibe o nervo vago, levando a alterações no trato gastrointestinal e na microbiota, as quais favorecem o desenvolvimento de doenças inflamatórias intestinais.
Em situações de estresse ou disbiose há liberação de cortisol, que é responsável por regular as funções imune e de diferenciação da microbiota intestinal.
Por outro lado, a microbiota sintetiza diversas substâncias, como serotonina, dopamina, noradrenalina, acetilcolina, as quais também influenciam no funcionamento do cérebro.
VIA IMUNE
A microbiota intestinal induz a ativação do sistema imunológico, além de sintetizar metabólitos que contribuem para a resposta imune, como o butirato, produzido a partir da digestão das fibras obtidas pela dieta por bactérias intestinais.
CONCLUSÃO
A microbiota e o intestino comunicam com o sistema nervoso central, influenciando o humor e as respostas imune e inflamatória.
Assim, uma alimentação e estilo de vida saudáveis favorecem a manutenção do equilíbrio da microbiota, contribuindo para a saúde mental e prevenção de outras doenças.
Rafaela Ribeiro
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