Análise de diversos estudos aponta necessidade de compreensão sobre efeitos de longo prazo das duas medicações
Recebemos muitas perguntas sobre o uso de medicações por autistas. Não há um remédio que trate o autismo em si, mas algumas medicações são usadas para tratar as comorbidades associadas, como a ansiedade ou o déficit de atenção e hiperatividade.
Em fevereiro de 2023, uma revista da área da saúde chamada BMJ Evidence-Based Medicine publicou um artigo que avaliou a eficácia e a segurança dos medicamentos risperidona e aripiprazol para auxiliar no tratamento de crianças autistas: “Risperidona e Aripiprazol para Transtorno do Espectro Autista em crianças: uma visão geral de revisões sistemáticas”.
A pesquisa foi realizada por um grupo multidisciplinar de especialistas e buscou compreender melhor como esses medicamentos podem auxiliar no manejo das manifestações do autismo nas crianças.
Estudo apontou que os dois medicamentos contribuíram para amenizar as manifestações do autismo nas crianças
Para garantir a qualidade e precisão dos resultados, as revisões sistemáticas incluídas no estudo foram avaliadas utilizando uma ferramenta de medição específica, que classifica a qualidade metodológica dessas revisões. Nove resultados críticos relacionados aos sintomas centrais e não essenciais do TEA foram minuciosamente analisados pelo grupo de especialistas.
Um aspecto fundamental do estudo foi a participação ativa de organizações de pais de crianças autistas, que contribuíram no processo de revisão externa do relatório final para o Ministério da Saúde do Chile. A Fundación Unión Autismo y Neurodiversidad, a Federación Nacional de Autismo, a Vocería Autismo del Sur e a Vocería Autismo del Norte foram algumas das organizações que se envolveram nesse processo.
Os resultados revelaram que, tanto a risperidona quanto o aripiprazol, foram eficazes na redução da gravidade das manifestações do autismo, como comportamentos repetitivos, linguagem inadequada, retraimento social e problemas comportamentais, quando comparados ao uso de placebo.
Novas pesquisas ainda são necessárias para uma melhor compreensão do efeito dos dois remédios sobre as crianças autistas
É importante mencionar que a certeza da evidência para a maioria dos resultados foi considerada moderada. Além disso, foi observado que tanto a risperidona quanto o aripiprazol estão associados a eventos adversos metabólicos e neurológicos. É essencial ressaltar ainda que o acompanhamento dos participantes foi realizado em curto prazo e que, portanto, não foram acompanhados os efeitos colaterais a longo prazo.
Então, os resultados indicam que o uso de aripiprazol e risperidona poderia reduzir a gravidade dos sintomas do autismo a curto prazo. No entanto, é fundamental reconhecer que esses medicamentos também apresentam possíveis eventos adversos.
Nesse sentido, novas pesquisas – incluindo revisões sistemáticas de alta qualidade e ensaios clínicos randomizados de maior escala com acompanhamento a longo prazo – são necessárias para aprofundar o nosso conhecimento nessa importante área.
Sabemos que a busca por informações confiáveis e seguras é essencial para a melhor qualidade de vida de nossos filhos, pacientes ou entes queridos. Portanto, é importante continuarmos atentos às pesquisas e avanços científicos, buscando sempre o melhor suporte para nossas crianças
Fonte: Realidade Autismo
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